Protagonismo e os momentos de crise

 

Como o Protagonismo e o Netweaving podem ajudar os casais que tem filhos com malformações congénitas (com ou sem fenda lábio palatina), com síndromes ou outros desafios? O Netweaving é um modo de estar na vida, para qualquer pessoa que queira fazer a diferença no mundo.

 

Eu sou um recém apaixonado pelo mundo da aviação. Descobri esse mundo, graças a um Blogger que se tornou um ícone na Internet com um canal do Youtube, de seu nome Aviões e Músicas.
Perdi o medo da Aviação com a aquisição de conhecimentos que um mecânico de aviação proporciona nos seus vídeos. Lito de Sousa, conseguiu criar um conteúdo que superou as informações produzidas por outros players da sua área. O Aviões e Músicas tem hoje mais de 1 milhão de inscritos. Muitos como eu tinham pavor de voar e hoje, adoram aviação.
Por que estou a falar de aviões e youtubers no Latitude? Por que esse Mecânico assumiu o protagonismo da informação sobre o tema.
Protagonismo? Será que nós entendemos o que é protagonismo? Vamos devagar.
Em tempos, ouvi um dos seus vídeos, onde um acidente aconteceu por causa de um problema identificado como CRM (Crew Resource Management). Quem é o protagonista do cockpit de um avião comercial? O comandante… mas…
Eu sei que parece estranho mas isso liga-se diretamente com as nossas realidades da Fenda Lábio palatina. Tenha calma! O assunto não é avião. É protagonismo.
Mas então o que há em comum entre acidente aéreo e malformação congénita?
Imponderável, responsabilidade e protagonismo.
Um acidente aéreo, eu aprendi, nunca tem uma causa única. Em aviação, sempre que há um acidente, procura-se encontrar e compreender a “cadeia de eventos” que leva àquele desfecho. Se alguns desses elos são previsíveis, outros são imponderáveis. Não me vou ater em exemplos ilustrativos, pois isso levaria-nos a perder o foco.
Certa vez, num acidente catastrófico, um comandante cometeu um erro e o seu co-piloto apercebeu-se desse erro. Tentou alertar o comandante, que do alto de sua patente, ignorou subestimando seu subordinado. Assumiu o que quase sempre se entende por protagonismo, mas que na verdade é exclusivamente, comando. E não podemos sequer confundir comando com liderança. O comandante foi responsável pela morte de mais de uma centena de pessoas, por causa de um erro involuntário, negligência culposa, e um erro voluntário, negligência dolosa. O primeiro, foi a leitura de uma informação com uma interpretação errada do que estava escrito. O segundo, foi ignorar os alertas de um outro elemento da tripulação, nesse caso, co-piloto. Na aviação, sempre que acontece um acidente, estudam suas causas e mais do que apontar e condenar um culpado, procura-se a maneira de evitar que essa condição volte a existir. Evitar que outro acidente igual se repita. O que aconteceu depois desse acidente, foi a alteração do CRM. Até aqui, a palavra de um Comandante era autocrática e indiscutível. Através da mudança de atitudes na cabine, o CRM trouxe uma divisão de tarefas, em que o PROTAGONISMO deixa de ser um fator divisionário, mas partilhável. Piloto e co-piloto são ambos protagonistas. Apenas tem patentes distintas e respeitam seus postos. Esta alteração de paradigma do CRM, salvou mais de uma centena de vidas, noutro acidente aéreo. Graças a permanente interação e respeito mútuo, os protagonistas (Piloto e Co-Piloto) decidiram por uma solução imponderável, teoricamente possível e maioritariamente mal sucedida noutras tentativas. Falo do Comandante Sully e a amaragem no rio Hudson.
Para entender a conexão desse mundo com o mundo das fendas, precisamos perceber conceitos fundamentais. A família é uma tripulação de vida. São as pessoas que se escolheram para fazer juntos uma viagem que se pressupõe, linda, desafiadora, prazerosa e duradoura.
Uma gravidez é um momento apical na vida de um casal. Ambos são protagonistas. Mas há uma hierarquia. A mãe levará no seu ventre e proverá a vida ao novo elemento da tripulação. Um bebé, ansiado e desejado, pode, por probabilidades ou imponderável, ser concebido e nascer com uma malformação congénita. Isto não é uma catástrofe. É uma condição. Um dos elementos ou mais de um dos elementos da equipa, tem alguma condição que a diferencia. Pode ser uma competência ou uma característica. No limite, até uma limitação.
Se isso ocorre, usando a metáfora aérea, o que acomete esse voo será apenas uma turbulência cuja magnitude pode ser diferente de para caso.
O que se seguirá, dependerá de percebermos o que é protagonismo. Qual a diferença entre culpa e responsabilidade. Qual a diferença entre probabilidade e possibilidade. E como agir perante o que pode ser uma cadeia de eventos, que coloque em risco a sobrevivência da tripulação/família. Se esta cadeia de eventos evoluir sem controlo, haverá um acidente catastrófico, que é a desintegração da família.
Nesse episódio o nosso convidado é o Cari. Seu nome de baptismo é Paulo Maurício Mello, mas para nós, os amigos do Lipi, ele é o Cari! Sua história de vida é riquíssima e o seu currículum de uma abrangência desconcertante. Ele é um ser humano e um Netweaver por excelência com uma história de vida desafiadora, um empreendedor nato e criativo que atua de forma sistémica, utilizando metodologias e tecnologias que visam a melhoria da condição humana e empresarial. Ele actuou como executivo de grandes empresas e no segmento de informática e telecomunicações por 28 anos. Hoje ele atua como Coach Mentor. O Cari é fundador da SBN, Sociedade Brasileira de Netweaving. Por isso os conceitos de Convivência com Relevância e Reciprocidade Assíncrona, são uma constante no sub-texto da conversa. Se ficou curioso, ouve o nosso Podcast e depois, vai conhecer o site da SNB!
Aqui no Lipicast Latitude, tu encontras sempre bons temas!
Bem haja,
Rowney Furfuro